O tempo transformou as memórias da aldeia onde crescemos, palco da nossa infância e adolescência, e as personagens e  episódios do passado, numa autêntica novela, cheia de contornos "rocambolescos", que sabe bem reviver! Perguntarão, talvez, qual o prazer de (re)contar, vezes sem conta, coisas que estamos fartinhos de conhecer; como conseguimos sempre rir  e surpreender-nos uma e outra vez...no entanto isso acaba por nos dar sentido! Acaba até, por dar sentido, a coisas menos boas vividas lá atrás e que nem sempre, (na altura) achámos assim tão boas! Como se o encontro com esses amigos fosse a chave de um código secreto que nos permite (re)entrar numa parte de nós, conseguindo com isso compreender e aceitar melhor os acontecimentos do Presente! 

" Deixa-te de histórias e milongas !" dizia ela, dirigindo-se a um grupo de homens que, numa mesa proclamavam as suas façanhas na Caça. Era pequena, rija e, de dedo em riste, avançava para eles intrometendo-se numa conversa, que ora soava a português, ora soava a castelhano, num dialecto próprio chamado "Rionorês". Uma coisa era certa: eram todos muito barulhentos e gostavam de conversar. O entusiasmo era tanto que esqueciam o uso da máscara. Mesmo os que tinham consigo a máscara, esta pendurava-se nos queixos ou numa orelha (ondulando ao vento) e dela se esqueciam rapidamente no entusiasmo da conversa.